sábado, 24 de janeiro de 2009

Capitulo 1

Eu me tornei vampira há 67 anos. Foi numa noite como qualquer outra. A não ser pelo fato que o vampiro que me mordeu, foi a pessoa que mais amei na vida, eu o amei mais do que a mim mesma. Aquele dia era para ser o mais feliz da minha vida. Foi no dia do meu casamento.
Padre – Muito bem, pode beijar a noiva. – Mitch levantou o meu véu.
Eu fechei os olhos. Iria começar a melhor fase da minha vida, em uma igreja toda decorada com o estilo gótico, bem a minha cara, decorada com rosas vermelhas e a luz de velas. Estava ventando e caindo uma tremenda tempestade lá fora. Meu querido Mitch teve a idéia de trancar as portas da frente. Agora só a porta de trás estava aberta.
Eu iria ser a nova Sra. Van der Wodsen, era só sentir os lábios dele nos meus. Mas eu não senti nenhum lábio no meu aquela noite. Abri os olhos. Os lindos olhos verdes de Mitch estavam brancos. Ele sorriu para mim. Seus dentes brancos estavam estampados de fome. Os caninos chegaram a um pulo ao meu pescoço. Não doeu na hora, pois entrei em choque. Não sabia direito o que estava acontecendo. Será quê...?
A minúscula família de Mitch, que estava presente ao menos, eram apenas cinco amigos, duas ex – namoradas e o pai, sorriam com seus dentes pontudos para mim. O resto da família dele não veio. Olhei para a minha pequena família, composta de dez pessoas, sentadas imóveis nas duas primeiras fileiras. Gritei. Minha família não estava sem fazer nada, apenas olhando. Eles estavam mortos, envenenados pelo champagne que eu mesma servi antes da cerimônia. Minha família morreu no meu próprio casamento. Tentei recorrer ao padre, mas também era vampiro. Sangue começou a escorrer pelo meu vestido branco.
Senti raiva. Muita raiva e medo. Mas como não sentiria? Mitch, o homem que eu mais amei na vida, me traiu. Apertei o buquê. Senti pequenas agulhas. Lembrei. O que amarrava o buquê era arame farpado. Eu ia explodir. Minhas mãos começaram a formigar. Desenrolei o arame. Coloquei no pescoço dele, imitando um abraço. Agora o sangue que manchava meu vestido não era mais meu. Ele engasgou. E foi o último som que ouvi dele.
Ele soltou meu pescoço. Eu saí correndo antes de ver qualquer reação. Todos os vivos presentes se levantaram. Derrubei um castiçal de velas. Quando saí, tranquei a porta dos fundos.
A última coisa que eu vi lá de fora, toda molhada e ensangüentada, foi a igreja pegando fogo. E foi naquela noite que eu matei dez pessoas de uma vez. Foi naquela noite que tudo começou, eu me transformei, e virei Midori, a vampira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário