Sempre gostei de dança e de peças. Desde pequena sabia que ia ser atriz de teatro. Com 15 participei de uma peça de Romeu e Julieta, como figurante. Os aplausos no final eram o que importava para mim, mas um orgulho nasceu no peito e saia pelo enorme sorriso no meu rosto. Com 19 fui uma coadjuvante, e com 20 já era a famosa estrela da peça Dama da Noite, um musical.
- Você vai se atrasar! – Julie, a produtora e minha segunda mãe, me disse na porta do camarim.
- Já vou, já vou! – eu passava a última camada de pó no rosto. Ao espelho, eu estava perfeita. Vestido branco, quase sem costura, escorria pelo meu corpo magro, mangas soltas como fantasmas, e o corpete era bordado com pedras reluzentes, que brilhavam sem cor. No pescoço, o meu maior orgulho, a gargantilha Isabelle, feita de diamantes.
A peça era linda e a platéia aplaudia de pé. As críticas dos jornais eram ótimas. Todos me reconheciam nas ruas. Até meus pais pararam de brigar. Mas para mim pouco importava a opinião dos outros, a não ser de uma pessoa. A única coisa que queria ouvir era de quem realmente importava: aquele homem que assistia cada peça minha lá do alto, do camarote. Ele era lindo e muito bem vestido. Vinha sempre acompanhado por um homem e uma mulher, que creio eu, sejam os pais. A mulher me fitava e o senhor, me olhava debaixo para cima com suas mãos apoiadas em uma bengala dourada. O homem ficava debruçado e assistia atentamente cada movimento meu com um brilho nos olhos. Era ficava maravilhado, curioso, encantado. Quando eu não participava, ele não vinha, mas quando eu estava na peça, mesmo sem falas, lá estava ele e seus pais, no mesmo camarote. O dono do teatro nunca soube me dizer seus nomes, o que me despertou uma curiosidade particular. Ele era o primeiro a chegar, e sumia na hora de ir embora. Tantas vezes eu tentei segui-lo, mas antes mesmo que pudesse sair do palco, ele já havia sumido do ar. Mas ele sempre me deixava uma coisa, uma rosa branca, enorme e sempre cheirosa. Entre tantas vermelhas jogadas, a dele era diferente. A dele continha um poema escrito a mão preso na rosa por uma fita vermelha. Apenas a dele eu pegava e trazia comigo, a produção pegava o resto e trazia para o meu camarim. Os buquês no meu camarim eram todos vermelhos, com apenas uma rosa branca. Um buquê de rosas vermelhas com um branca, é igual a toda a platéia com ele no camarim. Ele era especial. Eu só pensava, nos ensaios, conseguir aquele brilho de tom verde inexplicável em seus olhos. Florescia algo novo em mim. Seu sorriso fazia parte da peça. Sem ele a peça não tinha sentido nenhum. Sem ele, nenhuma peça tinha sentido. Sem seu sorriso, minha vida não tinha sentido. E satisfação com o meu trabalho só conseguia quando tocava as macias pétalas da rosa.
Foi assim que eu me apaixonei. Infelizmente, assim como sino só é sino quanto é tocado, amor só é amor quando compartilhado. Apaixonei-me pela idéia de estar junto a ele, ou como chamam, amor não correspondido. O que na minha condição não é verdade, pois mesmo sem dizer nada, eu sei, que ele também me ama.
- Você vai se atrasar! – Julie, a produtora e minha segunda mãe, me disse na porta do camarim.
- Já vou, já vou! – eu passava a última camada de pó no rosto. Ao espelho, eu estava perfeita. Vestido branco, quase sem costura, escorria pelo meu corpo magro, mangas soltas como fantasmas, e o corpete era bordado com pedras reluzentes, que brilhavam sem cor. No pescoço, o meu maior orgulho, a gargantilha Isabelle, feita de diamantes.
A peça era linda e a platéia aplaudia de pé. As críticas dos jornais eram ótimas. Todos me reconheciam nas ruas. Até meus pais pararam de brigar. Mas para mim pouco importava a opinião dos outros, a não ser de uma pessoa. A única coisa que queria ouvir era de quem realmente importava: aquele homem que assistia cada peça minha lá do alto, do camarote. Ele era lindo e muito bem vestido. Vinha sempre acompanhado por um homem e uma mulher, que creio eu, sejam os pais. A mulher me fitava e o senhor, me olhava debaixo para cima com suas mãos apoiadas em uma bengala dourada. O homem ficava debruçado e assistia atentamente cada movimento meu com um brilho nos olhos. Era ficava maravilhado, curioso, encantado. Quando eu não participava, ele não vinha, mas quando eu estava na peça, mesmo sem falas, lá estava ele e seus pais, no mesmo camarote. O dono do teatro nunca soube me dizer seus nomes, o que me despertou uma curiosidade particular. Ele era o primeiro a chegar, e sumia na hora de ir embora. Tantas vezes eu tentei segui-lo, mas antes mesmo que pudesse sair do palco, ele já havia sumido do ar. Mas ele sempre me deixava uma coisa, uma rosa branca, enorme e sempre cheirosa. Entre tantas vermelhas jogadas, a dele era diferente. A dele continha um poema escrito a mão preso na rosa por uma fita vermelha. Apenas a dele eu pegava e trazia comigo, a produção pegava o resto e trazia para o meu camarim. Os buquês no meu camarim eram todos vermelhos, com apenas uma rosa branca. Um buquê de rosas vermelhas com um branca, é igual a toda a platéia com ele no camarim. Ele era especial. Eu só pensava, nos ensaios, conseguir aquele brilho de tom verde inexplicável em seus olhos. Florescia algo novo em mim. Seu sorriso fazia parte da peça. Sem ele a peça não tinha sentido nenhum. Sem ele, nenhuma peça tinha sentido. Sem seu sorriso, minha vida não tinha sentido. E satisfação com o meu trabalho só conseguia quando tocava as macias pétalas da rosa.
Foi assim que eu me apaixonei. Infelizmente, assim como sino só é sino quanto é tocado, amor só é amor quando compartilhado. Apaixonei-me pela idéia de estar junto a ele, ou como chamam, amor não correspondido. O que na minha condição não é verdade, pois mesmo sem dizer nada, eu sei, que ele também me ama.

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