Cá estou eu, 67 anos depois, presa no porta- malas de três caçadores gatíssimos. Espécie nojenta se quer saber. Eu, que agora evito ao máximo matar humanos, (afinal, eu fui uma deles) estava roubando do banco de sangue. Mas os três irmãos Sullivan me pegaram no ato. Eram três contra um, mais uma seringa de sangue de cadáver, que faz os vampiros desmaiarem. Eu? Sem chance.
Era uma terça feira, três da manhã. Eu tinha entrado facilmente, enfartando (sem querer) a pobre recepcionista. Tipo A, B, AB. Os tipos que estavam em falta eu nunca pego. Senti o cheiro de sangue fresco pingando do outro lado dos armários. Um homem tinha acabado de cortar o meio da palma da mão. Estava de costas. Moreno e alto. Usava calça jeans e uma jaqueta. Tinha uns 28 anos. Burro, para fazer uma coisa dessas. Ou um suicida (hehe).
Dei um pulo do escuro. Uma corda se esticou na frente do meu pé, e, antes mesmo que eu caísse, havia uma agulha entre o meu ombro e meu pescoço, injetando sangue de cadáver. Apaguei e acordei aqui, na porta malas do carro deles. Um lugar pequeno e escuro cheio de estacas, armas, amuletos, facas, um alho e uma corda, em volta do meu punho e do meu tornozelo, claro. Estou contando minha história não muito feliz, para caso, se eu morrer, alguém solidário, souber da minha história. Com uma das facas, eu me soltei. Escondi embaixo do tapete do step, um sache hudu. Assim todos os vampiros vão encontrá –los, caso eu precisar de reforços. Se eu não morrer, é melhor eles estarem contando a história deles.
- Vocês precisam de um porta-malas maior. Sabe, eu me sinto meio desconfortável, com tantos objetos pontiagudos aqui. - eu disse, sendo irônica.
- Com o trabalhado que deu para te achar, você não vai ganhar uma suíte presidencial, Midori. – disse o homem que estava no banco do passageiro.
- Estou em desvantagem, vocês sabem quem eu sou. Mas eu não sei quem vocês são. –aprenda desde agora: eu sou uma ótima atriz.
- Quer que eu escreva isso no seu túmulo? – quem estava dirigindo disse. Todos riram. Exceto eu, claro. Não teve graça.
- Não, obrigada. Não pretendo morrer tão, cedo. Afinal hoje eu não vou morrer mesmo. Ah!Já que perguntou, eu quero escrito no meu túmulo ‘‘aqui jaz uma vampira que morreu de saco cheio’’.
- Vai achando que você não vai morrer hoje...
- Vocês não me mataram no banco antes, não vão me matar agora.
- Queremos uma coisa de você.
- Podemos negociar. – para caçadores sem honra, essa é a frase mágica.
O carro parou. O porta malas se abriu. Nem vi quem abriu, mas lhe dei um chute na cara. Dei um laço duplo no cara que tinha cortado a palma da mão. Ele caiu no chão. Os outros dois foram na porrada. Dei um laço de boi em um, e um laço de corrente no outro. Afinal eu sou texana, nasci sabendo fazer isso. Joguei os três sentados no porta-malas. Olhei bem para eles. Os três realmente eram muito bonitos. O mais alto, e, creio eu, o mais velho, tinha cabelo castanho claro, bem curto, e com uma faixa na palma da mão, do corte que ele fizera para me atrair. O do meio era o mais novo. Era loiro, camiseta branca, e calça jeans. Não julgaria que seja um caçador, pois deve ter, mais ou menos, 19 anos. O da esquerda era moreno, alto e bem torneado, forte também. Todos eram. Mas como ele não tentou me bater, creio que seja o mais educado. Eles acordaram em silêncio, com cara de gato assustado.
- Viu como vocês precisam de um porta - malas maior?
- Todos os vampiros são engraçados assim?
- Não, só eu. Agora me digam: quem são vocês?O que querem? E qual é o preço?
- Sam – disse o cara da esquerda, e aparentemente educado.
- Kurt – disse o cara que cortou a mão, que presumo que seja o mais velho.
- Ryan – disse o cara mais novo, que estava dirigindo.
- Ora, ora, ora... Se não são os famosos irmãos Sulivan. A que devo o prazer?
- Onde fica seu antro? Queremos falar com o Dixon.
Eu ri. Ri da situação ridícula que eu estava vendo. Três dos melhores caçadores (e os mais gatos também) estavam procurando o vampiro mais desajeitado que eu conhecia. Dixon McHarper. Ele quis formar uma ridícula família de vampiros, mordeu três loiras (mera coincidência talvez?), e as deixou ainda renascidas com Bobby McBean, um dos cinco caçadores mais odiados do mundo.
- Vocês só podem estar brincado, não é?!Dixon? Dixon McHarper?! Ele está mais para anta do que para vampiro, se é que vocês me entendem. E vocês acham que eu sou uma daquelas vampiras imundas, que vivem em... Antros?!
- Sim, eu acho – respondeu Ryan.
- Mas essa anta aí, matou minha namorada! – Sam disse, com os olhos cheios de raiva. Até lembrou um pouquinho de mim.
- Entendo. Mas, vamos fazer um acordo.
- Agora! - antes que eu pudesse dizer algo, os três se levantaram. Estavam soltos de novo.
Provavelmente usaram a mesma faca que eu. Pularam para cima de mim. Eu rolei para o lado e fiquei de pé. Afinal, mesmo não transformada em vampiro, eu era mais forte e mais rápida que eles.
- Um de cada vez, por favor! Eu não sou caixa do Wall-Mart!
- Onde é o antro do Dixon!? – Disse Kurt apontando um 9 mm na minha testa.
- Vou dizer uma coisa sobre mim. Eu não reajo muito bem a ameaças, então vamos fazer um acordo. Diga-me seu preço, que o Dixon é seu.
- Não. Vamos fazer assim: você diz onde é o antro, ou você morre. – Kurt segurou mais perto a arma.
- Muito bem. Pode atirar. Mas boa sorte pra achar meu primo.
- Primo? – perguntou pasmo, Sam. –Sempre achei que a família da famosa vampira-ladra, boa samaritana estivesse morta.
Me recusei a responder. Ninguém fala da minha família nesse tom. E afinal, Dixon não era meu primo coisa nenhuma.
- Eu consigo 5mil. – disse Ryan, inexpressivo.
- Eu não saio da cama por esse preço. – claro que saio sim, mas o Dixon era meu conhecido leal, então... Compreenda-me, certo? Mesmo assim, eu acho que o Dixon não vai ter surpresa nenhuma... - Façamos o seguinte, vocês me dão carona até a minha casa, me dão três mil, e eu digo.
- Não. – disse rapidamente Kurt.
- Onde fica? – perguntou Sam. Ele parecia ao menos, educado.
- Las Vegas.
Eles arregalaram os olhos.
- Você é meio rica para uma vampira, não?
- Minha cobertura está reformando, estou hospedada em um Hotel Cassino. – claro que a minha cobertura não fica em Vegas, eu nunca diria para ninguém onde eu moro, especialmente para caçadores, né?! Eu na verdade vou morar em uma cobertura em Los Angeles.
Eles concordaram em me levar. Entramos no carro, e dessa vez, eu fui no banco de trás. Eles foram educados comigo a viagem toda.
- Sabe gente... Talvez, eu disse talvez, caçadores não sejam tão ruins assim.
- E quem diria que vampiros não são orgulhosos 24 horas por dia! – riu Ryan.
- Posso fazer uma pergunta?
- Manda. – respondeu Ryan.
- Como vocês me acharam?
- Bom, foi difícil. Pegamos 34 assaltos a bancos de sangue no país. E eles estavam seguindo uma rota, que sempre ia a direção em Las Vegas. Mas a descrição da assaltante, sempre batia com você. – respondeu Sam, estava ao meu lado, no banco de trás. – Aliás, você não tem muitos amigos leais...
- Eu sou famosa?! Que demais! Er..Quer dizer... Mal. E eu sei que meus amigos não são nada leais, afinal, não são humanos que cultivam amizades, como se fossem plantas sabe, plantar, colher, regar, conversar e etc.. A propósito, se mais caçadores vierem atrás de mim aqui, eu conto para todos os vampiros, como encontrar vocês. – disse, me referindo ao sache hodoo. Mas claro que eles não sabiam dessa.
- E como você pretende fazer isso? - Eu tinha que mudar de assunto.
- Gostei do carro. Pajero TR4, muita classe... Mas me digam como vocês entram nesse ramo de caça?
- Nossos pais foram vítimas de vampiros, entre outros monstros, por isso estamos investigando o porquê. Mas matar demônios é mais divertido... – brincou Ryan.
- Vingança... Certo...
- Não é por vingança. É pelas outras pessoas!Não podemos deixar sua raça matar a nossa. – disse ofendido Sam
- Eu concordo, por isso não mato mais. Eu roubo sangue, e outras coisinhas mais, para me sustentar. Sabe, esse idosos cheios da grana são muito surperticiosos.
- Não sei por que me espanto. Você é vampira, ladra, rica e bonita, se me permite dizer. Só falta o marido. – riu Ryan. Ele gosta mesmo é de me provocar. Mas tudo bem, caçadores são assim mesmo.
Mesmo assim, eu não respondi. Fiquei quieta o resto da viagem, remoendo o passado. Poucos minutos depois, chegamos ao endereço que eu dei (falso é óbvio, eu não ia ficar no segundo melhor hotel cassino de Las Vegas. Eu ia ficar no primeiro! Mas claro que eu não me importo em andar dois quarteirões). Saí do carro.
- Ryan disse algo de errado? – Sam murmurou de dentro do carro.
- Sim. – anotei o endereço do apartamento que Dixon morava. Kurt me deu o dinheiro. Vampiro burro e feio tinha que morrer mesmo (hehe).
Virei e fui embora. Com a audição aguçada pude ouvir o que eles diziam no carro no meio do transito. Só besteira, claro. Nem sei por que eu perco tempo com caras entre 19 e 30 anos. 30 especialmente.
Ta bom que eu tenho 89, mas com corpinho de 21! Foi a idade em que eu virei vampira. Eu sou bonita até, pelo menos é o que os Sulivan disseram. Sou branquinha, cabelos pretos na altura da cintura, cacheados nas pontas, olhos verdes. Uso uma jaqueta jeans, uma babylook bem curtinha, branca com a boca dos rollings stones no meio, calça preta jeans skinny e sandália bico fino, vermelha. Unhas pintadas de roxo. Dois furos na orelha. Sou moderninha, comparando a minha idade.
Cheguei ao The Bellagio Hotel Cassino. Sempre gostei de cenários de filmes. Entrei no meu quarto de 210 metros quadrados. Jantei sozinha, como de costume. Comida humana me cai pesada no estômago, além de não ter gosto nenhum. Apesar disso, eu não como só sangue. Eu na verdade, adoro carne. Mal passada, claro. Tem um gosto mais salgado (quero dizer, o sangue da carne tem um gosto mais salgado), mas eu gosto.
Alguém bate na minha porta. Era o Joe, meu melhor amigo, e também meu Sire*, já que eu matei o meu.
- Conseguiu o sangue?
- Não. Os Sulivan me pegaram. E nossa! Eles são tão gatos! Fiz um chorinho, jurei que não ia fazer de novo, e eles me soltaram.
- Jura?
- Não. - duh! - Eles queriam saber sobre o Dixon. Aí me deram carona, e três mil.
- Você é demais sabia? Quer dizer, o Dixon já morreu faz tempo!
- Caçador, ou é bonito ou é burro. Eles vão ter uma pequena surpresa quando chegarem a Atlantic City. Além do mais, aprendi tudo com você, meu Sire favorito.
- E o único.
Nós rimos. Pedimos carne mau passada, (de novo) e tomamos vinho (a base de sangue) depois fomos dormir. Ele no quarto dele claro.
Passaram - se 5 dias. Nesse meio tempo eu roubei 5 bancos de sangue. Minha geladeira estava sinistra para padrões normais.
Fiz ótimos negócios em Las Vegas. Aqui os amuletos da sorte são muito procurados. Mas eu não vendo amuletos comuns, e sim os que realmente funcionam. Tanto que eu acrescentei 600 mil na minha gorda conta.
Era domingo, e o telefone do meu quarto tocou as 04h00 horas da manhã.
- A gente te odeia. – pois é, acho que eles descobriram. Era o Ryan.
- Eu também te amo Dean. – só para rir mais um pouco.
- Quem é Dean? É o Ryan. Dixon morreu há 3 messes.
- Eu sei. Mas vocês não sabiam. Agora sabem.
- É muito bom que você não tenha gasto nada dos nossos 3mil, por que nós, e sua amiguinha seringa de sangue de cadáver, estamos indo aí pra te ver. Você nos fez rodar mais de 2 000 quilômetros!
- Ahan. – me achem então!haha.. – Mas como afinal vocês conseguiram meu número?
- Roubamos seu celular. – Oh, oh!
Ele o quê!?Todos os meus contatos, meu endereço, os telefones de vampiros estão naquele monte de microships com capinha vermelha, que toca música! Mas ainda bem que meu celular tem senha.
- Eu te dou, se você devolver meu celular novinho.
- Você é rica, pode comprar outro.
- Eu sei, mas sou preguiçosa de pegar todos os números de novo.
- Ah é, quanto a isso, Kurt hackeou seu celular. Agora nós temos todos os endereços de antros, de casas, e números de todos os seus amiguinhos chupadores de sangue.
To morta. Eu já disse quanto eu odeio caçadores?
Eu ia fugir. Obvio! Mas pra onde? Eu tinha cinco dias pra ir pra qualquer lugar! Não posso ir para nenhum antro...
Já sei!Fui para o quarto do Joe.
- Joe! Acorda! – o cutuquei.
- Que é...?! – disse ele imóvel.
- Os Sulivan descobriram!Eles roubaram meu celular, e agora eles têm todos os números e endereços de todos os meus contatos!
Joe deu um pulo da cama.
- Eles o quê?!
- Pois é!A gente precisa vazar daqui!
- E para onde vamos?
- Fazer compras em Nova York!
Ouvimos uma porta ser arrombada no quarto do lado. Era o MEU quarto.
- Joe, quanto tempo se leva para vir de Atlantic City para Las Vegas?
- Se eles vierem de avião...Três horas.
Oh drogaaa! Quando eles ligaram, eles já estavam em Las Vegas!
- Vou ligar pra segurança do hotel. – disse Joe, pegando o interfone. Estava mudo.
- Mas e as minhas coisas?! Eles não podem roubar as minhas coisas!
- Você é muito materialista! – disse Kurt. Pendurado na janela. Ele entrou pela janela aberta. Eu e Joe saímos correndo. Tranquei a porta do quarto do Joe.
Drogaaaa. Eu corri pra porta da frente. Quando abri, lá estavam Ryan e Sam. Fechei. Entrei em pânico. Estava encurralada. Nunca, desde aquela noite há 67 aos, em que a única opção, era fugir. Eu nunca fujo. Eu costumo lutar... Para depois fugir.
- Se acalma – disse Joe. – o que você faria, se você ainda fosse má?
- Mataria os três.
- Então mate! Ou você, ou eles!
- Eu... Não posso. Eles confiaram em mim.
Joe me abraçou. Arrependi-me pela primeira vez do que fiz. Eles foram os primeiros humanos que confiaram em mim. Quer dizer, quem é que dá carona para uma vampira?!
- Não podemos fraquejar agora Mimi.
Adoro quando Joe me chama de Mimi . Me levantei. Eu não iria matá-los. Ia fazer ao estilo Midori. Negociar e sair ganhando sem que ninguém perceba (haha).
Eu fui até a porta e a abri.
- Senti saudades. – eu disse mexendo na minha bolsa.
- Sentiu nada, - disse frio Sam – você nos fez ir até Atlantic City, para descobrir que ele já está morto. Como você dorme a noite?
- Em lençóis de algodão egípcio. – tirei o talão de cheques, por que afinal, eu já tinha depositado os 3 mil – aqui está o dinheiro de volta. – disse entregando o cheque.
- Não queremos isso. – disse Kurt, que com um grampo de cabelo conseguiu destrancar a porta.
- Como não? – disse Joe saindo da cozinha. Notei que ele estava com uma faca. Joe fez uma promessa de não matar caçadores com os dentes, pois caso eles, por algum motivo não morrerem, viram vampiros, aí dá um super rolo.
- Joe, não... – eu cochichei. Mas logo depois, Kurt saiu correndo e pulou para cima de Joe, que desmaiou com o sangue de cadáver que Kurt injetou no pulo.
- Ele estava armado. – disse Kurt ofegante, se levantando.
Ryan e Sam entraram e me pegaram pelo braço.
- Ei, ei !Mais cuidado! – afinal, eu estava com meu pijama de sapinho da Chanel.
- Senta aí. – E me jogaram sentada no sofá.
- Qual é o problema de vocês?!
Eles se sentaram nas patronas armados com seringas visivelmente. Como eu pude deixar isso chegar a este ponto?!
- Além de descobrir que o Dixon está morto, descobrimos algo mais.
- Tipo o quê?
O fim do mundo? Eu ganhei na loteria? Eu sou a rainha dos vampiros? Sou a miss Vampire desse ano e não as nojentas das Drei – Krönen* ?Não tem mais nenhum caçador atrás de mim? O anti - Cristo veio? O presidente dos Estados Unidos virou vampiro? Hehe, até que seria bem doido. Legal, mas doido.
Os três se olharam. A notícia pelo menos para eles, não era nada boa. Bom, mas e se for boa para mim? Sam pegou a minha mão. Será que eles eram um daqueles caipiras que pedem qualquer uma em casamento?Espero que não.
- Um cara de Atlantic City, pediu para te buscar. O nome dele era Mitch Van der Wodsen.
Era uma terça feira, três da manhã. Eu tinha entrado facilmente, enfartando (sem querer) a pobre recepcionista. Tipo A, B, AB. Os tipos que estavam em falta eu nunca pego. Senti o cheiro de sangue fresco pingando do outro lado dos armários. Um homem tinha acabado de cortar o meio da palma da mão. Estava de costas. Moreno e alto. Usava calça jeans e uma jaqueta. Tinha uns 28 anos. Burro, para fazer uma coisa dessas. Ou um suicida (hehe).
Dei um pulo do escuro. Uma corda se esticou na frente do meu pé, e, antes mesmo que eu caísse, havia uma agulha entre o meu ombro e meu pescoço, injetando sangue de cadáver. Apaguei e acordei aqui, na porta malas do carro deles. Um lugar pequeno e escuro cheio de estacas, armas, amuletos, facas, um alho e uma corda, em volta do meu punho e do meu tornozelo, claro. Estou contando minha história não muito feliz, para caso, se eu morrer, alguém solidário, souber da minha história. Com uma das facas, eu me soltei. Escondi embaixo do tapete do step, um sache hudu. Assim todos os vampiros vão encontrá –los, caso eu precisar de reforços. Se eu não morrer, é melhor eles estarem contando a história deles.
- Vocês precisam de um porta-malas maior. Sabe, eu me sinto meio desconfortável, com tantos objetos pontiagudos aqui. - eu disse, sendo irônica.
- Com o trabalhado que deu para te achar, você não vai ganhar uma suíte presidencial, Midori. – disse o homem que estava no banco do passageiro.
- Estou em desvantagem, vocês sabem quem eu sou. Mas eu não sei quem vocês são. –aprenda desde agora: eu sou uma ótima atriz.
- Quer que eu escreva isso no seu túmulo? – quem estava dirigindo disse. Todos riram. Exceto eu, claro. Não teve graça.
- Não, obrigada. Não pretendo morrer tão, cedo. Afinal hoje eu não vou morrer mesmo. Ah!Já que perguntou, eu quero escrito no meu túmulo ‘‘aqui jaz uma vampira que morreu de saco cheio’’.
- Vai achando que você não vai morrer hoje...
- Vocês não me mataram no banco antes, não vão me matar agora.
- Queremos uma coisa de você.
- Podemos negociar. – para caçadores sem honra, essa é a frase mágica.
O carro parou. O porta malas se abriu. Nem vi quem abriu, mas lhe dei um chute na cara. Dei um laço duplo no cara que tinha cortado a palma da mão. Ele caiu no chão. Os outros dois foram na porrada. Dei um laço de boi em um, e um laço de corrente no outro. Afinal eu sou texana, nasci sabendo fazer isso. Joguei os três sentados no porta-malas. Olhei bem para eles. Os três realmente eram muito bonitos. O mais alto, e, creio eu, o mais velho, tinha cabelo castanho claro, bem curto, e com uma faixa na palma da mão, do corte que ele fizera para me atrair. O do meio era o mais novo. Era loiro, camiseta branca, e calça jeans. Não julgaria que seja um caçador, pois deve ter, mais ou menos, 19 anos. O da esquerda era moreno, alto e bem torneado, forte também. Todos eram. Mas como ele não tentou me bater, creio que seja o mais educado. Eles acordaram em silêncio, com cara de gato assustado.
- Viu como vocês precisam de um porta - malas maior?
- Todos os vampiros são engraçados assim?
- Não, só eu. Agora me digam: quem são vocês?O que querem? E qual é o preço?
- Sam – disse o cara da esquerda, e aparentemente educado.
- Kurt – disse o cara que cortou a mão, que presumo que seja o mais velho.
- Ryan – disse o cara mais novo, que estava dirigindo.
- Ora, ora, ora... Se não são os famosos irmãos Sulivan. A que devo o prazer?
- Onde fica seu antro? Queremos falar com o Dixon.
Eu ri. Ri da situação ridícula que eu estava vendo. Três dos melhores caçadores (e os mais gatos também) estavam procurando o vampiro mais desajeitado que eu conhecia. Dixon McHarper. Ele quis formar uma ridícula família de vampiros, mordeu três loiras (mera coincidência talvez?), e as deixou ainda renascidas com Bobby McBean, um dos cinco caçadores mais odiados do mundo.
- Vocês só podem estar brincado, não é?!Dixon? Dixon McHarper?! Ele está mais para anta do que para vampiro, se é que vocês me entendem. E vocês acham que eu sou uma daquelas vampiras imundas, que vivem em... Antros?!
- Sim, eu acho – respondeu Ryan.
- Mas essa anta aí, matou minha namorada! – Sam disse, com os olhos cheios de raiva. Até lembrou um pouquinho de mim.
- Entendo. Mas, vamos fazer um acordo.
- Agora! - antes que eu pudesse dizer algo, os três se levantaram. Estavam soltos de novo.
Provavelmente usaram a mesma faca que eu. Pularam para cima de mim. Eu rolei para o lado e fiquei de pé. Afinal, mesmo não transformada em vampiro, eu era mais forte e mais rápida que eles.
- Um de cada vez, por favor! Eu não sou caixa do Wall-Mart!
- Onde é o antro do Dixon!? – Disse Kurt apontando um 9 mm na minha testa.
- Vou dizer uma coisa sobre mim. Eu não reajo muito bem a ameaças, então vamos fazer um acordo. Diga-me seu preço, que o Dixon é seu.
- Não. Vamos fazer assim: você diz onde é o antro, ou você morre. – Kurt segurou mais perto a arma.
- Muito bem. Pode atirar. Mas boa sorte pra achar meu primo.
- Primo? – perguntou pasmo, Sam. –Sempre achei que a família da famosa vampira-ladra, boa samaritana estivesse morta.
Me recusei a responder. Ninguém fala da minha família nesse tom. E afinal, Dixon não era meu primo coisa nenhuma.
- Eu consigo 5mil. – disse Ryan, inexpressivo.
- Eu não saio da cama por esse preço. – claro que saio sim, mas o Dixon era meu conhecido leal, então... Compreenda-me, certo? Mesmo assim, eu acho que o Dixon não vai ter surpresa nenhuma... - Façamos o seguinte, vocês me dão carona até a minha casa, me dão três mil, e eu digo.
- Não. – disse rapidamente Kurt.
- Onde fica? – perguntou Sam. Ele parecia ao menos, educado.
- Las Vegas.
Eles arregalaram os olhos.
- Você é meio rica para uma vampira, não?
- Minha cobertura está reformando, estou hospedada em um Hotel Cassino. – claro que a minha cobertura não fica em Vegas, eu nunca diria para ninguém onde eu moro, especialmente para caçadores, né?! Eu na verdade vou morar em uma cobertura em Los Angeles.
Eles concordaram em me levar. Entramos no carro, e dessa vez, eu fui no banco de trás. Eles foram educados comigo a viagem toda.
- Sabe gente... Talvez, eu disse talvez, caçadores não sejam tão ruins assim.
- E quem diria que vampiros não são orgulhosos 24 horas por dia! – riu Ryan.
- Posso fazer uma pergunta?
- Manda. – respondeu Ryan.
- Como vocês me acharam?
- Bom, foi difícil. Pegamos 34 assaltos a bancos de sangue no país. E eles estavam seguindo uma rota, que sempre ia a direção em Las Vegas. Mas a descrição da assaltante, sempre batia com você. – respondeu Sam, estava ao meu lado, no banco de trás. – Aliás, você não tem muitos amigos leais...
- Eu sou famosa?! Que demais! Er..Quer dizer... Mal. E eu sei que meus amigos não são nada leais, afinal, não são humanos que cultivam amizades, como se fossem plantas sabe, plantar, colher, regar, conversar e etc.. A propósito, se mais caçadores vierem atrás de mim aqui, eu conto para todos os vampiros, como encontrar vocês. – disse, me referindo ao sache hodoo. Mas claro que eles não sabiam dessa.
- E como você pretende fazer isso? - Eu tinha que mudar de assunto.
- Gostei do carro. Pajero TR4, muita classe... Mas me digam como vocês entram nesse ramo de caça?
- Nossos pais foram vítimas de vampiros, entre outros monstros, por isso estamos investigando o porquê. Mas matar demônios é mais divertido... – brincou Ryan.
- Vingança... Certo...
- Não é por vingança. É pelas outras pessoas!Não podemos deixar sua raça matar a nossa. – disse ofendido Sam
- Eu concordo, por isso não mato mais. Eu roubo sangue, e outras coisinhas mais, para me sustentar. Sabe, esse idosos cheios da grana são muito surperticiosos.
- Não sei por que me espanto. Você é vampira, ladra, rica e bonita, se me permite dizer. Só falta o marido. – riu Ryan. Ele gosta mesmo é de me provocar. Mas tudo bem, caçadores são assim mesmo.
Mesmo assim, eu não respondi. Fiquei quieta o resto da viagem, remoendo o passado. Poucos minutos depois, chegamos ao endereço que eu dei (falso é óbvio, eu não ia ficar no segundo melhor hotel cassino de Las Vegas. Eu ia ficar no primeiro! Mas claro que eu não me importo em andar dois quarteirões). Saí do carro.
- Ryan disse algo de errado? – Sam murmurou de dentro do carro.
- Sim. – anotei o endereço do apartamento que Dixon morava. Kurt me deu o dinheiro. Vampiro burro e feio tinha que morrer mesmo (hehe).
Virei e fui embora. Com a audição aguçada pude ouvir o que eles diziam no carro no meio do transito. Só besteira, claro. Nem sei por que eu perco tempo com caras entre 19 e 30 anos. 30 especialmente.
Ta bom que eu tenho 89, mas com corpinho de 21! Foi a idade em que eu virei vampira. Eu sou bonita até, pelo menos é o que os Sulivan disseram. Sou branquinha, cabelos pretos na altura da cintura, cacheados nas pontas, olhos verdes. Uso uma jaqueta jeans, uma babylook bem curtinha, branca com a boca dos rollings stones no meio, calça preta jeans skinny e sandália bico fino, vermelha. Unhas pintadas de roxo. Dois furos na orelha. Sou moderninha, comparando a minha idade.
Cheguei ao The Bellagio Hotel Cassino. Sempre gostei de cenários de filmes. Entrei no meu quarto de 210 metros quadrados. Jantei sozinha, como de costume. Comida humana me cai pesada no estômago, além de não ter gosto nenhum. Apesar disso, eu não como só sangue. Eu na verdade, adoro carne. Mal passada, claro. Tem um gosto mais salgado (quero dizer, o sangue da carne tem um gosto mais salgado), mas eu gosto.
Alguém bate na minha porta. Era o Joe, meu melhor amigo, e também meu Sire*, já que eu matei o meu.
- Conseguiu o sangue?
- Não. Os Sulivan me pegaram. E nossa! Eles são tão gatos! Fiz um chorinho, jurei que não ia fazer de novo, e eles me soltaram.
- Jura?
- Não. - duh! - Eles queriam saber sobre o Dixon. Aí me deram carona, e três mil.
- Você é demais sabia? Quer dizer, o Dixon já morreu faz tempo!
- Caçador, ou é bonito ou é burro. Eles vão ter uma pequena surpresa quando chegarem a Atlantic City. Além do mais, aprendi tudo com você, meu Sire favorito.
- E o único.
Nós rimos. Pedimos carne mau passada, (de novo) e tomamos vinho (a base de sangue) depois fomos dormir. Ele no quarto dele claro.
Passaram - se 5 dias. Nesse meio tempo eu roubei 5 bancos de sangue. Minha geladeira estava sinistra para padrões normais.
Fiz ótimos negócios em Las Vegas. Aqui os amuletos da sorte são muito procurados. Mas eu não vendo amuletos comuns, e sim os que realmente funcionam. Tanto que eu acrescentei 600 mil na minha gorda conta.
Era domingo, e o telefone do meu quarto tocou as 04h00 horas da manhã.
- A gente te odeia. – pois é, acho que eles descobriram. Era o Ryan.
- Eu também te amo Dean. – só para rir mais um pouco.
- Quem é Dean? É o Ryan. Dixon morreu há 3 messes.
- Eu sei. Mas vocês não sabiam. Agora sabem.
- É muito bom que você não tenha gasto nada dos nossos 3mil, por que nós, e sua amiguinha seringa de sangue de cadáver, estamos indo aí pra te ver. Você nos fez rodar mais de 2 000 quilômetros!
- Ahan. – me achem então!haha.. – Mas como afinal vocês conseguiram meu número?
- Roubamos seu celular. – Oh, oh!
Ele o quê!?Todos os meus contatos, meu endereço, os telefones de vampiros estão naquele monte de microships com capinha vermelha, que toca música! Mas ainda bem que meu celular tem senha.
- Eu te dou, se você devolver meu celular novinho.
- Você é rica, pode comprar outro.
- Eu sei, mas sou preguiçosa de pegar todos os números de novo.
- Ah é, quanto a isso, Kurt hackeou seu celular. Agora nós temos todos os endereços de antros, de casas, e números de todos os seus amiguinhos chupadores de sangue.
To morta. Eu já disse quanto eu odeio caçadores?
Eu ia fugir. Obvio! Mas pra onde? Eu tinha cinco dias pra ir pra qualquer lugar! Não posso ir para nenhum antro...
Já sei!Fui para o quarto do Joe.
- Joe! Acorda! – o cutuquei.
- Que é...?! – disse ele imóvel.
- Os Sulivan descobriram!Eles roubaram meu celular, e agora eles têm todos os números e endereços de todos os meus contatos!
Joe deu um pulo da cama.
- Eles o quê?!
- Pois é!A gente precisa vazar daqui!
- E para onde vamos?
- Fazer compras em Nova York!
Ouvimos uma porta ser arrombada no quarto do lado. Era o MEU quarto.
- Joe, quanto tempo se leva para vir de Atlantic City para Las Vegas?
- Se eles vierem de avião...Três horas.
Oh drogaaa! Quando eles ligaram, eles já estavam em Las Vegas!
- Vou ligar pra segurança do hotel. – disse Joe, pegando o interfone. Estava mudo.
- Mas e as minhas coisas?! Eles não podem roubar as minhas coisas!
- Você é muito materialista! – disse Kurt. Pendurado na janela. Ele entrou pela janela aberta. Eu e Joe saímos correndo. Tranquei a porta do quarto do Joe.
Drogaaaa. Eu corri pra porta da frente. Quando abri, lá estavam Ryan e Sam. Fechei. Entrei em pânico. Estava encurralada. Nunca, desde aquela noite há 67 aos, em que a única opção, era fugir. Eu nunca fujo. Eu costumo lutar... Para depois fugir.
- Se acalma – disse Joe. – o que você faria, se você ainda fosse má?
- Mataria os três.
- Então mate! Ou você, ou eles!
- Eu... Não posso. Eles confiaram em mim.
Joe me abraçou. Arrependi-me pela primeira vez do que fiz. Eles foram os primeiros humanos que confiaram em mim. Quer dizer, quem é que dá carona para uma vampira?!
- Não podemos fraquejar agora Mimi.
Adoro quando Joe me chama de Mimi . Me levantei. Eu não iria matá-los. Ia fazer ao estilo Midori. Negociar e sair ganhando sem que ninguém perceba (haha).
Eu fui até a porta e a abri.
- Senti saudades. – eu disse mexendo na minha bolsa.
- Sentiu nada, - disse frio Sam – você nos fez ir até Atlantic City, para descobrir que ele já está morto. Como você dorme a noite?
- Em lençóis de algodão egípcio. – tirei o talão de cheques, por que afinal, eu já tinha depositado os 3 mil – aqui está o dinheiro de volta. – disse entregando o cheque.
- Não queremos isso. – disse Kurt, que com um grampo de cabelo conseguiu destrancar a porta.
- Como não? – disse Joe saindo da cozinha. Notei que ele estava com uma faca. Joe fez uma promessa de não matar caçadores com os dentes, pois caso eles, por algum motivo não morrerem, viram vampiros, aí dá um super rolo.
- Joe, não... – eu cochichei. Mas logo depois, Kurt saiu correndo e pulou para cima de Joe, que desmaiou com o sangue de cadáver que Kurt injetou no pulo.
- Ele estava armado. – disse Kurt ofegante, se levantando.
Ryan e Sam entraram e me pegaram pelo braço.
- Ei, ei !Mais cuidado! – afinal, eu estava com meu pijama de sapinho da Chanel.
- Senta aí. – E me jogaram sentada no sofá.
- Qual é o problema de vocês?!
Eles se sentaram nas patronas armados com seringas visivelmente. Como eu pude deixar isso chegar a este ponto?!
- Além de descobrir que o Dixon está morto, descobrimos algo mais.
- Tipo o quê?
O fim do mundo? Eu ganhei na loteria? Eu sou a rainha dos vampiros? Sou a miss Vampire desse ano e não as nojentas das Drei – Krönen* ?Não tem mais nenhum caçador atrás de mim? O anti - Cristo veio? O presidente dos Estados Unidos virou vampiro? Hehe, até que seria bem doido. Legal, mas doido.
Os três se olharam. A notícia pelo menos para eles, não era nada boa. Bom, mas e se for boa para mim? Sam pegou a minha mão. Será que eles eram um daqueles caipiras que pedem qualquer uma em casamento?Espero que não.
- Um cara de Atlantic City, pediu para te buscar. O nome dele era Mitch Van der Wodsen.

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